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Ricardo Martins é de Lisboa mas a este ponto, bem que poderia ter aprendido a tocar bateria em bidões de peixe, nos calhaus de São Roque. Depois de ter vindo tocar em nome próprio (Tremor 2016), com Filho da Mãe (Tremor 2016) e como parte da comitiva de Pop Dell'arte (Tremor 2018), em 2021 fechou-se na Ribeira Grande, juntamente com Filho da Mãe e Norberto Lobo para uma residência artística a apresentar no Arquipélago - Centro de Artes Contemporânea, durante edição pandémica do festival. Dedicado a conseguir garimpar boas memórias dos terríveis tempos da pandemia, Ricardo Martins, relembra-se disto:
«Foi o primeiro concerto que tivemos depois das restrições do COVID começarem a levantar. Vínhamos de meses fechados em casa e quando chegámos à ilha senti que tinha acabado de chegar a um mundo paralelo. Eu já não dava um abraço a um ser humano há muito tempo. E a própria residência em si contribui para isto. Nós nem sequer saímos da Ribeira Grande. Tínhamos a nossa rotina de acordar, ir dar um mergulho e depois fechar-nos a tocar durante umas largas horas. Até o segurança do arquipélago tornou-se nosso grande amigo nosso, falava imenso connosco sobre música e dava-nos sugestões de sítios para ir comer. Mas, apesar de que, enquanto estávamos na residência, estávamos muito fechados entre nós os três, muito metidos nas nossas cabeças, a compor e a pensar em música, quando acabou a residência, passamos por um momento de partilha muito bonita. Reencontramos imensa gente que nós adoramos – a Sara Cunha, o Joaquim “Fua” Durães, o Nuno Biónico, até o Kitas e o seu pai. Eu meto o Tremor assim sempre na minha cabeça como tendo sido um espaço para momentos, não só de abraços musicais, mas também para abraços entre amigos.»