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Não tivesse ela um programa de literatura na rádio (O Fim dos Princípios) até suspeitaria de um certo enviesamento poético na forma como a mariense Helena Barros rebusca memórias sobre o festival. Apesar de ter trabalhado na comunicação do Tremor em 2015, a sua memória mais acarinhada vem ainda dos seus dias como espectadora. Helena Barros recorda-se carinhosamente do concerto de Filho da Mãe na primeira edição do festival, em 2014:
«O concerto de Filho da Mãe, no núcleo da Igreja de Santa Bárbara, para mim, deu o mote do que é que viria ser o Tremor. Eu era fã do Filho da Mãe e ele tinha uma música com o meu nome - Helena Aquática - que é uma música que, segundo consta, ele quase nunca toca porque é bastante difícil. Eu, como eu tinha acesso facilitado à organização do festival, tentei saber se esta música estava no alinhamento dele: e estava lá! E, dentro da igreja, eu estava sentada ao lado o Mario Lopes do Público (nós não nos conhecíamos, mas eu sabia quem ele era porque conhecia o seu trabalho) e quando o concerto estava a aproximar-se do fim, verbalizei “Poça, ele não vai tocar o Helena Aquática”. O Mário Lopes ouviu, virou-se para mim e disse “Se estás à espera ele toque esta música, esquece que ele não vai tocar.” E eu lembro-me de lhe garantir “Tu vais ver que ele vai tocar”. E pouco depois, ele tocou. Por isso, é que, para mim, não ir ao Tremor não é uma opção. Não é só o que tu vês e ouves. É onde tu vês e ouves que faz toda a diferença.»