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As eólicas nos Graminhais, a antena da Marconi, a Estação Espacial em Santa Maria e a eletrónica de PMDS (o duo de Filipe Caetano e Pedro Sousa), complementam-se para dar um cenário de eco-futurismo distópico aos Açores. E é precisamente o sentimento distópico que Filipe Caetano, que é quem nos conta estes episódios, almeja: entre tocar durante 12 horas seguidas ou modular um dos mais virtuosos tocadores de Viola da Terra, FLIP (nome artístico) mostra que sintetizadores e carrinhas de caixa-aberta por vezes até combinam:
«Para se tocar no Tremor é preciso ter muita força para se adaptar às situações que te aparecem pela frente. Em 2021, o nosso Tremor Todo-o-Terreno era composto por seis sessões e todas elas foram diferentes. Logo na primeira apareceu um lavrador com um auto-tanque daqueles de ir para as vacas e tivemos de esperar que o senhor enchesse o tanque antes de começar. Na sessão mais épica de todas, pararam três lenhadores com machados às costas a tentar perceber o que é que estávamos a fazer. A pior sessão foi quando veio a organização toda e o gerador simplesmente morreu. Mas esta força de adaptação também tem aspectos positivos. Por exemplo, em 2018, eu e o Rafael Carvalho abrimos o festival com um concerto numa terça-feira, o Cristóvão Ferreira gravou o concerto na mesa de som, enviámos o ficheiro diretamente para masterização e logo depois para o Lisbon Cutters que conseguiu cortar um vinil de terça para quinta. O Pedro Sousa na quinta-feira veio de Lisboa já com os vinis na mão. É inédito conseguires ter um disco de um concerto lançado 48 horas depois. Ofereci um disco a cada um dos programadores e eles nem estavam a perceber o que é que aquilo era.»